sexta-feira, 12 de novembro de 2010

BC sabia de rombo no Panamericano desde agosto

A fraude contábil no balanço do Banco PanAmericano foi encontrada em uma fiscalização de rotina do BC no final de agosto, que avaliava as vendas de carteiras de crédito feitas na crise. O BC diz que as irregularidades não foram detectadas antes porque nunca havia sido feita uma fiscalização mais detalhada, em nenhum banco, sobre a contabilização de compra e venda de carteiras de crédito.

Ainda segundo a instituição, foi somente por causa do aumento na quantidade desse tipo de operação, realizada no mercado de 2008 para cá, que uma supervisão mais detalhada passou a ser feita. O BC descobriu que o banco continuava contabilizando créditos já vendidos para outras instituições e as receitas geradas por elas. O Grupo Silvio Santos, controlador do banco, e demais sócios foram convocados para reunião com a fiscalização do BC em meados de setembro.

Também em setembro, no dia 22, Silvio Santos foi recebido pelo presidente Lula -a reunião seria para tratar do Teleton. Ontem, na África, Lula negou que tenha conversado sobre o banco. “Não é assunto do presidente da República. O presidente não empresta dinheiro, não faz negócios com bancos e não fiscaliza bancos. Isso quem faz é o BC.” O banco estava com patrimônio negativo e precisava de R$ 2,5 bilhões. A Caixa, que comprara 49% do controle do PanAmericano em 2009, disse que não se responsabilizaria. O Grupo Silvio Santos assumiu a perda. Em 11 de outubro, começaram as conversas de Silvio com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O negócio foi levado ao BC na semana passada e revelado anteontem.

COLARINHO BRANCO
O BC investiga agora se há indício de crime, com base na Lei do Colarinho Branco. Os responsáveis pelo problema também podem ser punidos administrativamente. O erro na contabilidade pode ter sido deliberado, com objetivo de favorecer os responsáveis com o pagamento de dividendos e bônus por desempenho.

Fonte: Folha de SP

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